Os chamados "adesivos da família" viraram febre no Brasil, onde, atualmente, são fartamente vendidos. Normalmente, são colados na parte traseira dos automóveis. No início, os colantes eram simples, em preto e branco. Com o aumento das vendas e o interesse frenético de proprietários de carros, foram se modernizando, ganhando cores e cada vez mais traduzem particularidades dos familiares. Analisando os mais recentes, podemos perceber a idade aproximada das pessoas, definir profissão, hobbies como pescaria, churrasco, futebol, além de saber sobre animais de estimação dos ocupantes do carro. Recentemente, levei um susto quando vi em um automóvel diversos adesivos colocados, um ao lado do outro, e logo abaixo o apelido de cada familiar. Portanto, uma indagação se faz presente: essa nova mania nacional pode trazer algum perigo à família? Sim, é claro que pode. Minha preocupação é, principalmente, com os delitos praticados via telefone, que apelidei de "temarketing do crime". Através da placa de um auto, pode-se conseguir o número telefônico de seu proprietário, somando-se com as informações contidas nos "adesivos da família", marginais podem criar golpes mais detalhistas, gerando, assim, maior veracidade e, consequentemente, danos muito maiores. Nas palestras antissequestro que ministro, dedico capítulo especial ao que chamo de "currículo no carro", ou seja, oriento os participantes a tirar adesivos que indiquem locais frequentados, tais como colégio, escola de idiomas, clube, academia de ginástica etc. Me recordo, também, que há muitos anos síndicos de prédios bolaram adesivo identificador para ser afixado no carro de moradores. Essa prática não é mais usual e nem recomendada, pois passou a ser arma para criminosos, que passaram a clonar tais identificações para ingressar em condomínios sem levantar suspeitas. Adesivos de times de futebol já geraram discussões e brigas no trânsito. Colantes com emblema da polícia podem traduzir risco e danos no automóvel. Adesivos femininos com formato de coração, estrelas, flores e passarinhos ou aquele que revela "bebê a bordo", identificam que o automóvel é conduzido por mulher. Assim, mesmo com vidro fechado e escurecido, o assaltante que age no semáforo vai concluir que o motorista é do sexo feminino e assim poderá ficar interessado em subtrair a bolsa. Sugiro que os bonitos "adesivos da família" sejam usados dentro de casa, para enfeitar um livro, a geladeira ou até a parede do quarto, mas não expor os entes queridos na lataria de veículos 
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