A impunidade cada vez mais impune |
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Em julho de 2005, Luciano Machado Barreto atropelou e matou o ciclista Adail Gomes de Oliveira. Ele dirigia o veículo Monza, de placa LHP-0072. Estava sem carteira de habilitação e alcoolizado; para piorar, não prestou socorro à vítima. Uma testemunha anotou a placa do carro e a polícia localizou o fujão em sua casa. O assassino do trânsito foi denunciado pela promotoria por homicídio culposo, na comarca da cidade de Campos/RJ, mas respondeu o processo em liberdade. Após 11 longos anos, o advogado do réu alegou em defesa de seu cliente que o crime já estava prescrito, recurso acolhido pela juiza do feito, que absolveu o motorista em 17.02.2016, ou seja, ganhou o direito de ser considerado “ficha limpa”. Três dias depois, ou seja, em 20.02.2016, Luciano Machado Barreto resolveu viajar com a família pela rodovia BR-356, que liga Campos a São João da Barra, no norte fluminense e se envolveu em outro grave acidente de trânsito, neste, com o carro de José Roberto Izaias Junior, que morreu na colisão. O policial que atendeu a ocorrência percebeu que o condutor Luciano aparentava sinais de embriaguez. O teste do bafômetro apresentou resultado positivo, confirmando as suspeitas do policial. Novamente o condutor deverá responder o processo criminal em liberdade. A esses fatos damos o nome de “impunidade”. Em 2015 quase 50 mil brasileiros perderam a vida em razão de acidentes de trânsito, sendo que em 50% dos embates a motivação foi o abuso de álcool. Não podemos esquecer das mais de 200 mil pessoas que ficaram feridas; muitas delas apresentando lesões sérias. A impunidade, as brechas nas leis e o famigerado jeitinho brasileiro são os grandes incentivadores para a prática de crimes. O escritor André Zanarella conseguiu colocar o dedo na ferida com o texto “Bandido Impune”: “A arma do crime foi jogada fora. A violoncelista está solitária chorando e o maldito bandido sai impune. Num quarto de hospital o grito; uma vida nasce já rejeitada e o bandido safado já deu no pé. Na balada a paixão aquece; o vírus contamina outro ser e o responsável pela loucura? Quando puniremos esse bandido? Que lança a sua flecha, que parte tantos corações, transforma são em suicida, a paixão em infectante letal. Quando irá para o banco do réu, esse bandido com jeito de anjo, com lindas asas sedutoras e belas; que tem como arma mortal a emoção, que faz qualquer um perder a razão... Quando será julgado oh! Bandido Cupido”.
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